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sábado, 30 de junho de 2012

“Pig Latin”¹ – Brincando com as palavras


Vamos dar continuidade, então, à Teoria do Ginocentrismo. 

Clique aqui para ler o 1º artigo: Olhando Fixamente para fora do Abismo
Clique aqui para ler a 2º artigo: A Mesma História Repetida
Clique aqui para ler a 3º artigo: Refutando o Apelo ao Dicionário


Por Adam Kostakis

Leitura N° 4

“É como se a língua comum que usamos todos os dias tivesse um conjunto oculto de sinais, uma espécie de código secreto” - William Stafford

Para recapitular o artigo anterior: os Defensores dos Direitos dos Homens não devem ter medo de brincar com as palavras; de redefinir o debate; de reformular a linguística convencional e usá-la como quiserem. Não tenham medo de fazer um jogo. Usem palavras — e os significados que vocês escolherem para atribuir a elas — para zombar, humilhar e confundir seus inimigos. Vejamos um bom exemplo — temos abaixo um tipo de uso de típica fraseologia feminista, mas com uma diferença importante:

Nem todos os patriarcas são assim. Eu sou um patriarca — e me orgulho disso — mas isso não significa que eu, pessoalmente, sou responsável pelo que os outros patriarcas fazem, não particularmente aqueles patriarcas radicais. Mas o patriarcado não é uma entidade monolítica. Não existe apenas um tipo de patriarcado. Há muitos tipos diferentes de patriarcas que possuem opiniões diferentes.

Note que definir-se como um patriarca não implica necessariamente que você se define como as feministas pensam que patriarcas deveriam ser. As feministas não são árbitros linguísticos; você é absolutamente livre para chamar a si mesmo de patriarca usando a sua própria definição do termo, a qual pode ou não coincidir, em certa medida, com a definição delas. No entanto, seja qual for o caso, você certamente não precisa explicar que as qualidades que você possui, em seu entender, tornar-lhe-á patriarcal. No entanto, ao anunciar que você é um patriarca, você possivelmente encontrará as feministas tentando induzi-lo a dar alguns contornos precisos para o seu patriarcado; depois que os contornos tiverem tomado forma na mente de uma feminista, a tarefa dela agora é fazer você reconhecer isso. Ela irá dizer algo emotivo como, “oh, então você acha que os homens devem ter permissão para violar as mulheres impunemente?”

Sua resposta inicial, é claro, será uma testa franzida. Então você irá dizer: “é claro que eu não acho isso. E ainda continuo sendo, sem dúvida alguma, um patriarca.”

Neste exemplo, você pode definir o patriarcado da maneira que você quiser; tendo decidido de antemão que o feminismo é algo em que não se pode acreditar, você rejeitará qualquer noção feminista do que seja patriarcado. Você pode até, se quiser, definir-se como um patriarca como alguém que apóia a igualdade entre homens e mulheres. Sim, esse tipo de jogo de palavras vai enganá-las por um bom tempo, porque o feminismo depende de uma configuração peculiar de palavras e significados, que não podem ser contornados sem sinalizar uma ameaça para a base de poder ideológica.

A sugestão acima soa absurdo? Bem, eu posso conduzi-lo até um exemplo real, àquele movimento social, cujo sucesso tem dependido, em grande parte, de sua destreza em manipulação linguística. Estou falando, é claro, do feminismo, cujas adeptas realizam suas atividades reformulando percepções da realidade através da redefinição das palavras. Mas esta arma está disponível para todos aqueles que são marginalizados; são os grupos de pessoas detentores do poder dentro de uma sociedade é que devem defender sua ortodoxia, não os excluídos. E embora as feministas tenham feito largo uso dessa estratégia no campo de batalha linguística, isso se tornou um ponto de vulnerabilidade para elas que controlam a máquina agora, ao invés de protestarem violentamente contra ela. Agora, veja você, elas devem consolidar seus ganhos, elas devem conservar o que elas criaram, e assim, elas são colocadas na defensiva, protegendo suas ortodoxias etimológicas daqueles que discordam. Como eu disse no primeiro artigo, a capacidade que elas têm de controlar as percepções da realidade está fraquejando. A chapa está quente. É hora de atacar!


Mas será que eu fui rápido demais em ter rejeitado a definição de feminismo oferecida pelas feministas? Eu acho que talvez posso ter sido. Mesmo conceitos essencialmente contestados, como W. B. Gallie referiu-se a eles, devem ter significados que são maiores do que os normativos, senão a comunicação sobre eles tornar-se-ia impossível. Isto é — deve haver algum grau de consenso geral sobre o que é o feminismo, entre feministas e antifeministas, ou não seríamos capazes de discutir sobre isso! Apesar das diferenças entre a visão feminista sobre o feminismo e a nossa própria visão, algum conteúdo em comum deve existir em algum nível, do contrário estaríamos falando de coisas completamente diferentes. Elas podem falar sobre o movimento feminista, enquanto eu estou falando de criação de cavalos, embora ambos estejam se referindo de forma respectiva ao tema “feminismo” — mas não teríamos muito a dizer uns aos outros se esse fosse o caso, teríamos?

Portanto, vou postular a seguinte definição como universalmente aplicável ao feminismo; isto é, adaptável a todos os critérios para o que o feminismo é, apesar das diferentes perspectivas que várias pessoas possuem sobre a sua natureza. É uma definição apropriadamente limitada, uma vez que ela pode englobar apenas as partes do feminismo das quais todas as definições têm em comum. Assim, aqui está:  o feminismo é o projeto para ampliar o poder das mulheres.

Isso, então, é o que todas as pessoas que discutem sobre feminismo têm em comum sobre o conceito, quer sejam elas favoráveis, céticas ou niilisticamente indiferentes. Nenhuma feminista, penso eu, iria negar que isto é, no mínimo, o “esqueleto” do feminismo, mesmo que ela prefira discorrer sobre o tema em muito mais detalhes. Mas isso não fará, para além desta estreita inferência, com que nós discordemos uns dos outros. Para sermos o mais objetivo possível, então, devemos levar em conta apenas o que todo mundo concorda acima, e essa é a nossa definição universalmente aplicável.

Note que ali não há menção sobre igualdade. Isto porque, como eu desmascarei na semana passada, com a ajuda de um Nick Levinson, há um número de feministas que explicitamente não buscava a igualdade, mas sim, a supremacia. Assim, a igualdade não se encaixa na definição universal de feminismo, uma vez que certas próprias feministas — que eram muito famosas, inequivocamente feministas — desmentiram isso. Dizer que o feminismo fala “sobre igualdade”, então, seria colocar-se em oposição diametral a várias feministas extremamente influentes! E por isso, seria algo... misógino!

Nem pode se dizer que o feminismo é o projeto para aumentar o poder das mulheres em relação aos homens, uma vez que, essa visão contrafeminista freqüentemente deixa as feministas bastante satisfeitas para poderem aumentar o poder das mulheres em um sentido absoluto. Ou seja, elas se esforçam para agarrar tudo o que puderem para as mulheres, sem referência à condição dos homens. A frase “em relação aos homens”, a essa altura, só serve para dizer que as mulheres são menos poderosas em relação aos homens no momento, assim lançando o feminismo a uma perspectiva favorável, injustamente. Na realidade, uma vez que as mulheres alcançam o poder que está em um nível igual ou equivalente ao dos homens, as exigências de feministas não param. O que descobrimos é que o poder feminino torna-se enraizado, e estendido, e quando ele supera o poder masculino, isso é simplesmente referido como “igualdade” e ignorado pelas feministas — pelo menos, quando não estão se gabando da recente falta de poder dos homens.

Também não somos capazes de enumerar, em nossa definição universal, os domínios específicos da vida, ou esferas, nas quais o projeto feminista se aplica. Isso ocorre porque o feminismo é inerentemente universalizante; ele pretende colonizar e dominar cada faceta da vida, onde homens e mulheres se encontram. Tem como objetivo à dominação em todos os âmbitos da vida, real e potencial.

Você pode discordar de alguns dos pontos acima, especialmente se for partidário do feminismo. Mas isso não muda a nossa definição universal, porque tudo o que podemos dizer sobre aqueles pontos é que eles são controversos. Isto é, feministas e não feministas, que estudaram sobre o feminismo, discordam sobre estes aspectos do feminismo, e seria simplesmente tendencioso tomar como certo um ou outro ponto de vista. Isso seria como consultar apenas Jacobinos sobre as conquistas históricas do Clube Jacobino, ou como entrevistar apenas conservadores para explicar o liberalismo moderno. Seria um bom exemplo de fraca metodologia, e ajudar-nos-ia muito pouco em nossa busca pela verdade. Certo? Então, a nossa definição universalmente aplicável não pode ser ampliada para além do que dissemos antes: o feminismo é o projeto para ampliar o poder das mulheres.

Não devemos ser influenciados por tentativas feministas de negar a tendência universalizante inerente ao feminismo. Em suas tentativas de ganhar o debate sobre o que o feminismo é, as feministas são famosas por abreviarem sua própria ideologia para uma pequena parte do seu todo, e apresentam o apoio delas pelo — e sua dissenção do — feminismo como inteiramente apoiado sobre uma única questão. Permitam-me dar um exemplo, em que você será confrontado com o Apelo à Franqueza. Você acabou de dizer que você não apóia o feminismo. O próximo movimento de sua adversária feminista é reduzir a totalidade do feminismo à conquista das mulheres ao direito de votar — o que implicaria dizer que você se opõe a isso, já que você afirmou que se opunha ao feminismo. Você deve simplesmente lembrar a todos os espectadores que o feminismo é mais do que isso e não pode ser reduzido a um único item como ela tentou fazer. Você pode abertamente declarar seu apoio para esse único item — neste caso, o voto — embora mantendo sua antipatia para com o feminismo, não sendo este, de nenhuma maneira, redutível a apenas o direito de votar das mulheres.

Essencialmente, sua consciência estará limpa, e você estará livre para rotular a si mesmo um não-feminista — e até mesmo, um antifeminista — diferente da implicação de que você, portanto, apóia todas as coisas que o se opõem ao feminismo.

Então, para recapitular: a única coisa que todos nós vamos ser capazes de concordar é que o feminismo é o projeto para ampliar o poder das mulheres. Como você deve ter notado, as feministas vão um pouco mais longe ao falar sobre o que elas pensam sobre o que seja o feminismo, e elas terão muitas meias-verdades e mistificações para oferecer se você lhes perguntar educadamente o suficiente — mas lembre-se, não é trabalho delas nos esclarecer sobre estas coisas.


Como tal, podemos abandoná-las às suas próprias fantasias sem sentido, e passarmos da definição universal e avançarmos para uma que mais precisamente conte as experiências do mundo dos homens.

Então, aqui está a definição que eu ofereço: “o feminismo é a mais recente, e atualmente, a forma mais culturalmente dominante de Ginocentrismo. É uma ideologia de vitimização que explicitamente defende a supremacia feminina, em todas as facetas da vida nas quais homens e mulheres se encontram; procede em conformidade com a sua tendência universalizante e, assim, age em cada esfera da vida, inclusive, se estendendo para além das esferas política, social, cultural, pessoal, emocional, sexual, espiritual, econômica, governamental e legal. Por supremacia feminina, refiro-me à noção de que as mulheres deveriam possuir superioridade de condição, poder e proteção em relação aos homens. É o paradigma cultural dominante no mundo ocidental e mais além. É moralmente indefensável, embora seus adeptos continuem assegurando a sua hegemonia e fazendo com que siga de forma incontestável mediante a dominação das instituições sociais e do uso da violência do Estado.”

Em resposta ao artigo anterior, Primal ofereceu sua própria definição de feminismo, à qual não é exatamente igual a minha, mas as duas são certamente complementares:

Gênero-feminismo é uma ideologia global construída sobre uma pilha de mentiras descaradas. Como a principal superstição reverso-sexista da era Pós-Moderna, ela constituiu a base para a supremacia do sexo feminino em nome da igualdade de “gênero”. Como outras estúpidas fantasias utópicas, tem em seu cerne o totalitarismo. É formado por uma mistura aterrorizante de recicladas, porém, des-creditadas relíquias ideológicas de um amontoado de lixo da história ... relíquias como o Marxismo, o Romantismo e o Classismo². Seus defensores orgulhosamente destroem os padrões clássicos bem estabelecidos para forçar os outros a tomar a sério sua ideologia. Seus adeptos se espalharam como patógenos cancerígenos em instituições autoritárias ... que é onde o poder é pervertido por razões políticas. É a filosofia disparatada, circular e interesseira. Como a base moral principal dos grupos de ódio dominantes que operam em nome dos Direitos das Mulheres em todo o mundo, o gênero-feminismo é um dogma perigoso que não tem lugar no discurso civil.

Ambas as definições são bastante longas, embora eu ache que é útil ter uma definição do que queremos dizer exatamente com o termo. Poderia ser muito reduzida e apresentada da seguinte forma: o feminismo é igual ao supremacismo feminino.

Que a versão abreviada é mais memorável é compensada por suas implicações infelizes de que i) somente as mulheres são feministas, e ii) todas as mulheres apóiam o feminismo. Nem i) nem ii) está correto. A acusação de supremacismo por si só não é realmente suficiente para nossos propósitos; ela deixa muita coisa que não foi dita sobre o que este supremacismo seja, e o quanto de sucesso o feminismo teve até agora. Para fins de taquigrafia, faremos isso, mas deve-se lembrar que é uma redução de definições mais amplas como funcionou aqui e alhures.

O que pode ser mais útil para os nossos propósitos em apresentar nossa visão do que é o feminismo, é uma breve definição de seus objetivos. O feminismo visa essencialmente aos seguintes objetivos:

(1) A expropriação dos recursos dos homens para as mulheres.
(2) A punição de homens. 
(3) Aumentar (1) e (2) em termos de alcance e intensidade indefinidamente.

Eu sinto que essa definição vai acertar em cheio às próprias feministas — porque bate certinho com a realidade. Que os efeitos do mundo real do projeto feminista têm sido de fato (1) e (2), e que estes têm aumentado em abrangência e intensidade ao longo dos anos (3) é, francamente, irrefutável.

O tempo se rendeu à verdade sobre o que acontece quando mulheres de espírito feminista vêm a ocupar os cargos mais poderosos na sociedade, ou seja, ocorre que os Direitos dos Homens são sistematicamente destruídos. Quanto mais poder as feministas têm, mais novas leis são criadas para realizar maior confisco de propriedade dos homens e intensificar as violações de suas liberdade, integridade física, e de suas próprias vidas.

Mas há esperança. Pois é isso, ações, não palavras, são o que devemos dirigir aos nossos inimigos. Que todos tenham um fim de semana agradável.

Adam

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Notas do Tradutor:
[1]. Pig Latin é um jogo de alterações de linguagem em Inglês.  Para formar a Pig Latin de uma palavra em Inglês, a primeira consoante (ou encontro consonantal ) é movida para o final da palavra e um ay é afixada (por exemplo, pig yields igpay and computer yields omputercay or truancy yields uancytray).  O objetivo é esconder o significado das palavras de outras pessoas não familiarizadas com as regras.  A referência a Latin é um deliberado equívoco, pois é simplesmente uma forma de jargão, usado somente para as suas conotações em inglês como "língua estranha e de estrangeira sonoridade."  [Fonte:Wikipedia]. No Brasil, um jogo semelhante a esse é a "Língua do P".
[2]. Classismo: (Sociologia) é o preconceito ou discriminação com base na classe social; crença de que pessoas de determinadas classes sociais ou econômicas são superioras a outras.

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KOSTAKIS, Adam. "Pig Latin" – Brincando com as palavras [Pig Latin] [em linha]. Tradução e notas de Charlton Heslich Hauer. [s.l.]: Gynocentrism Theory, 2011. Disponível em <http://gynotheory.blogspot.com.br/2011/01/pig-latin.html> Acesso em: 09 ago. 2013.

Atualizada e revisada em: 30 dez. 2018

Clique aqui para ler o 5º artigo sobre a Teoria do Ginocentrismo